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dc.contributor.advisorAltenhofen, Cleo Vilsonpt_BR
dc.contributor.authorSouza, Antonio Carlos Santana dept_BR
dc.date.accessioned2015-08-19T02:32:55Zpt_BR
dc.date.issued2015pt_BR
dc.identifier.urihttp://hdl.handle.net/10183/122568pt_BR
dc.description.abstractA presente Tese perscruta a influência do contato linguístico entre afrodescendentes, nomeadamente quilombolas, e comunidades de fala presentes em seu entorno em diferentes áreas sócio-geográficas do Rio Grande do Sul (RS). Seu objetivo central é realizar uma macroanálise pluridimensional da variação do português nessas comunidades afro-brasileiras, dando especial atenção aos fenômenos que remontam, de um lado, a uma origem africana ou que, de outro lado, sinalizam uma mudança na direção do português contemporâneo. Este estudo busca contribuir, neste sentido, para integrar os estudos de línguas africanas e de seu contato com a língua portuguesa no Brasil, ampliando o conhecimento da língua falada por afro-brasileiros (PESSOA DE CASTRO, 1990; VOGT; FRY, 1996; CARENO, 1997; PETTER, 2001 e 2002; PETTER; FIORIN, 2009; LUCCHESI, 2009). O RS conta, atualmente, com 155 comunidades afro-brasileiras que englobam 3831 famílias. As comunidades selecionadas para esta Tese foram: RS01 Morro Alto (Osório) - Região do Litoral/Lagunas; RS02 Família Fidelix (Porto Alegre) – Região Metropolitana; RS03 Maçambique (Canguçu) - Região das Antigas Charqueadas; RS04 Palmas (Bagé) – Região dos Pampas; RS05 Cerro Formigueiro (Formigueiro) – Região da Depressão Central; RS06 São Roque (Arroio do Meio) – Serrana/Imigração e RS07 Comunidade Quilombola Correa (Giruá) – Região das Missões. As localidades selecionadas diferenciam-se por uma série de fatores, seja de ordem sócio-histórica, política ou geográfico, que podem influenciar a língua (portuguesa) falada nessas comunidades. Trata-se, em termos dialetológicos, de espaços descontínuos que lembram ilhas linguísticas, ocupadas por determinada população caracterizada por traços como origem étnica e língua particular, em que é possível identificar a comunidade afro-brasileira como um grupo minoritário diferente de outros. Para investigar a variedade do português falado nessas comunidades, nos baseamos na perspectiva teórica da dialetologia pluridimensional, conforme Thun (1998), Radtke e Thun (1996), a qual inclui nas pesquisas linguísticas diferentes dimensões espaciais e sociais em comunidades de fala distintas. Segundo Thun (1998), a “dialetologia pluridimensional” pode ser compreendida como a ciência geral da variação linguística e das relações entre variantes e variedades de um lado e de falantes de outro. À dimensão diatópica ou areal da geolinguística tradicional se incorporam outras dimensões, tais como a idade (dimensão diageracional) e o sexo (dimensão diassexual) etc. Através desse modelo de macroanálise da variação e dos contatos linguísticos, foi possível identificar no comportamento linguístico variável das sete comunidades afro-brasileiras alguns fatores determinantes da variação e mudança do português, apontados pelos dados dos diferentes pontos de pesquisa (dimensão diatópica), grupos etários GII e GI (dimensão diageracional) e falantes homens e mulheres (dimensão diassexual). A cartografia dos dados levantados por meio de um Questionário Fonético-fonológico - QFF (22 mapas) e de um Questionário Semântico-lexical - QSL (54 mapas) permitiu observar e comprovar empiricamente algumas tendências, entre as quais se destacam as seguintes: a) o comportamento linguístico dos membros dessas comunidades com respeito à manutenção ou perda das marcas de africanidade no português varia entre 1) uma variedade mais conservadora, mais presente entre os falantes mais velhos, 2) uma adequação ao português regional ou geral falado no entorno dessas comunidades e, por fim, 3) uma reintegração de marcas de africanidade em virtude de uma consciência étnica e identitária crescente que pode ser associada à própria constituição e reconhecimento dessas comunidades quilombolas; b) na dimensão diageracional, observou-se, portanto, uma mudança em curso geral, em toda a rede de pontos da pesquisa, na direção tanto da perda quanto da reintegração de marcas de africanidade nesses contextos; c) na dimensão diassexual, as mulheres parecem apresentar uma tendência maior de adesão às inovações ou às variantes do português do entorno, já os homens se mostram como os mais conservadores; d) no plano diatópico, o conjunto dos pontos de pesquisa se distingue entre uma adesão maior ou menor a determinadas variantes [+/- afro], sendo que se pode visualizar as seguintes tendências nos mapas: 1) o comportamento linguístico dos afro-brasileiros nos pontos RS01 e RS02 parece refletir uma consciência étnica e identitária maior, provavelmente como reflexo de ações do movimento negro. Estes pontos do litoral e metropolitano são os que mais conhecem formas [+afro]. 2) RS02, RS03 e RS05 como pontos mais próximos de grandes centros urbanos (Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria) compartilham, ao mesmo tempo, influências que sugerem uma aproximação ao português brasileiro mais geral. Essa tendência, no entanto, carece de uma descrição mais clara. 3) RS05 (de Depressão Central) e RS07 (das Missões) são os pontos que apresentam mais perdas de marcas [+afro] no português. São, ao mesmo tempo, os pontos mais distantes do litoral. 4) RS06 e RS07 são os pontos que, ao menos na variação fonética, apresentam mais influências do português de contato com línguas de imigração (alemã e italiana). RS07 se destaca, aliás, pela resistência a formas inovadoras do português brasileiro. 5) os pontos mais ao norte – RS01, RS06, RS07 e, em parte, RS05 apresentam variantes que sugerem a influência do português paulista, sobretudo na fonética, provavelmente reflexo do contato linguístico que se deu por meio das rotas de tropeiros, no séc. XIX. 6) RS04, ao contrário, reflete fortemente o português fronteiriço, já entre falantes da GII, o que pode sugerir uma perda, já bem cedo, de marcas [+afro] em favor do português dominante no entorno, falado pelos luso-brasileiros. Esta tendência é compartilhada, em parte, pelo ponto RS03, que no entanto apresenta um comportamento mais variável (não tão estável como na Região dos Pampas) que oscila entre uma influência anterior regional e uma influência recente mais geral do português brasileiro. Em suma, os comportamentos linguísticos dos membros das comunidades afro-brasileiras pesquisadas, no Rio Grande do Sul, convergem de modo geral para uma orientação centrífuga, que se contrapõe à noção de isolamento que tradicionalmente se associa a esse tipo de contexto, visto que a perda de marcas de africanidade e adoção de marcas da variedade do português brasileiro e regional do entorno é uma constante.pt_BR
dc.description.abstractThis thesis investigates the influence of language contact between African descent, including Quilombolas, and speech communities present in your surroundings at different socio-geographical areas of Rio Grande do Sul (RS). Its main objective is to perform a multidimensional macro analysis of the variation of these african Portuguese-Brazilian communities, with special attention to phenomena that go back on the one hand, an african origin or, on the other hand, indicate a change in the direction of contemporary portuguese. This study seeks to contribute in this sense to integrate the study of african languages and their contact with the portuguese in Brazil, expanding the knowledge of the language spoken by afro-brazilians (CASTRO PERSON, 1990; VOGT; FRY, 1996; CARENO 1997; Petter, 2001 and 2002; Petter; FIORIN, 2009; LUCCHESI, 2009). The RS currently has 155 afro-brazilian communities that include 3831 families. The communities selected for this thesis were: RS01 Morro Alto (Osório) – Litoral/Lagunas Region; RS02 Família Fidelix (Porto Alegre) - Metropolitana Area; RS03 Maçambique (Canguçu) - Region of the Antigas Charqueadas; RS04 Palmas (Bagé) - Region of the Pampas; RS05 Cerro Formigueiro (Formigueiro) - Region of Depressão Central; RS06 São Roque (Arroio do Meio) - Serrana/Imigração and RS07 Comunidade Quilombo Correa (Giruá) - Region of Missões. The selected locations are distinguished by a number of factors, whether socio-historical, political or geographical, that may influence the language (Portuguese) spoken in those communities. Certain population characterized by traits like ethnicity and particular language in dialetologics terms of discontinuous spaces that resemble linguistic islands, occupies it, it is possible to identify the afro-brazilian community as a different minority group of others. To investigate the variety of Portuguese spoken in those communities, we rely on the theoretical perspective of multidimensional dialectology as Thun (1998), Radtke and Thun (1996), which includes the linguistic research different spatial and social dimensions in different speech communities. According Thun (1998), “multidimensional dialectology” can be understood as the general science of language variation and relations between variants and varieties on one side and the other speakers. To diatopical dimension or areal of the traditional geolinguistic incorporate other dimensions, such as age (diageracional dimension) and sex (diassexual dimension) etc. Through this macro analysis model of variation and language contacts, it was possible to identify the variable linguistic behavior of the seven afro-brazilian communities some determinants of variation and change in portuguese, indicated by data from different points of research (diatopical dimension), age groups GII and GI (diageracional dimension) and talking men and women (diassexual dimension). The mapping of data collected through a phonetic-phonological Questionnaire - QFF (22 maps) and a Semantic-lexical Questionnaire - QSL (54 maps) allowed to observe and empirically demonstrate some trends, among which the following stand out: a) the linguistic behavior of members of these communities with respect to the maintenance or loss of Africanity marks in portuguese varies between 1) a more conservative range, more present among older speakers, 2) an adjustment to regional or general portuguese spoken around these communities and, finally, 3) reintegration African identity marks due to a growing ethnic consciousness and identity that can be associated with own constitution and recognition of these quilombolas communities; b) in diageracional dimension, it was observed, so a change in the general course, throughout the network of research points toward both the loss and the reintegration of africanity marks in these contexts; c) in diassexual dimension, women appear to be more likely to join the innovations or of the portuguese surrounding variants, since men are shown as the most conservative; d) in diatopic plan, the research points of the set is distinguished from a greater or lesser adherence to certain variants [+/- afro], and you can view the following trends in maps: 1) the linguistic behavior of afro-brazilian RS01 and RS02 in points seems to reflect a more ethnically and identity awareness, probably as a result of actions of the black movement. These points of the Litoral and Metropolitana are the most known forms [+ afro]. 2) RS02, RS03 and RS05 as closest points of large cities (Porto Alegre, Pelotas and Santa Maria) share at the same time, influences that suggest an approach to the broader brazilian portuguese. This trend, however, lacks a clearer description. 3) RS05 (Depressão Central) and RS07 (Missões) are the points that have more losses brands [+ afro] in portuguese. Are at the same time, the farthest points of the coast. 4) RS06 and RS07 are the points that, at least in phonetic variation, have more influences of portuguese contact with immigration languages (german and italian). RS07 stands out, moreover, by the resistance to innovative forms of brazilian portuguese. 5) points further north - RS01, RS06, RS07 and partly RS05 feature variations that suggest the influence of São Paulo portuguese, especially in phonetics, probably reflecting the language contact that occurred through the drovers routes, in the 19th century. 6) RS04, by contrast, strongly reflects the portuguese border, already among speakers of the GII, which may suggest a loss since early, marks [+ afro] in favor of the portuguese dominant in the surroundings, spoken by the luso-brazilians. This trend is shared in part by the RS03 point, which however has a more variable behavior (not as stable as in the region of the Pampas) dangling from a previous regional influence and a more general influence of recent brazilian portuguese. In short, the linguistic behavior of members of the surveyed afro-brazilian communities in Rio Grande do Sul, converge generally to a centrifugal direction, which goes against the notion of isolation that traditionally associated with this kind of context, as the loss of africanity marks and adoption marks of the variety of brazilian portuguese and surrounding regional brands is a constant.en
dc.format.mimetypeapplication/pdf
dc.language.isoporpt_BR
dc.rightsOpen Accessen
dc.subjectAfro-brazilians of Rio Grande do Sulen
dc.subjectLíngua portuguesapt_BR
dc.subjectMacroanalysis pluridimensionalen
dc.subjectContato lingüísticopt_BR
dc.subjectAfrican originen
dc.subjectAfro-brasileirospt_BR
dc.subjectAfro-brazilian languagesen
dc.subjectAfrodescendentept_BR
dc.subjectContacts languageen
dc.subjectRio Grande do Sulpt_BR
dc.titleAfricanidade e contemporaneidade do português de comunidades afro-brasileiras no Rio Grande do Sulpt_BR
dc.typeTesept_BR
dc.identifier.nrb000966924pt_BR
dc.degree.grantorUniversidade Federal do Rio Grande do Sulpt_BR
dc.degree.departmentInstituto de Letraspt_BR
dc.degree.programPrograma de Pós-Graduação em Letraspt_BR
dc.degree.localPorto Alegre, BR-RSpt_BR
dc.degree.date2015pt_BR
dc.degree.leveldoutoradopt_BR


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