Era Domingos um dominicano ? a construção do discurso hagiográfico e a Ordem dos Pregadores (1235-1298)

Abstract

Este trabalho está embasado na seguinte pergunta: Era Domingos um Dominicano? Para tentar responder essa questão analisamos três hagiografias do século XIII escritas sobre o fundador da Ordem dos Pregadores, a saber, a Leyenda de Santo Domingo, escrita por Pedro Ferrão entre 1235 e 1239; a também intitulada Leyenda de Santo Domingo, escrita por Constantino de Orvieto entre 1246 e 1247, e o capítulo sobre São Domingos na Legenda Áurea, de Jacopo de Varazze, e que tem sua data de início de escrita estimada no início da década de 1260. Consideramos que essas hagiografias foram escritas num contexto de afirmação da identidade institucional dos dominicanos. A principal referência para este argumento é a tese de Carolina Coelho Fortes, que defende que essa identidade estaria relacionada com os estudos. Buscamos entender, como categorias de análise, os estudos e a pregação para analisar a relação entre a escrita dessas obras e a busca da Ordem dos Pregadores por perpetuar um modelo de “ser dominicano” aos seus frades. A hipótese do trabalho consiste em investigar se esse modelo estaria relacionado com a representação hagiográfica e os exemplos de Domingos de Gusmão. Concluímos que Domingos, a priori, não era um dominicano, mas sua representação hagiográfica sim.