Densidade e distribuição espacial de Rhea americana (Rheidae) em diferentes fisionomias do Pantanal de Nhecolândia, MS

Abstract

Pecuária em campos nativos representa uma atividade econômica tradicional no Pantanal brasileiro. Contudo, é crescente a substituição da vegetação nativa por pastagens cultivadas de espécies alóctones. As respostas da fauna local em relação a essa substituição ainda são pouco conhecidas. Nosso objetivo foi estimar a densidade de ema (Rhea americana) em três diferentes fisionomias para verificar possíveis respostas a estas diferenças. O estudo foi realizado em três fazendas no Pantanal de Nhecolândia, de maio a junho de 2010. Em cada fisionomia foram percorridas, repetidamente, de seis a sete transeções lineares, entre 7:00h e 17:00h. Indivíduos ou grupos de emas avistados foram registrados, bem como suas distâncias perpendiculares em relação à linha da transeção. As densidades de ema foram estimadas em 1,086 ± 0,232 indivíduos/km2 no campo cerrado, 2,083 ± 0,440 indivíduos/km2 no campo limpo e 2,030 ± 0,411 indivíduos/km2 na pastagem exótica cultivada. Apesar de não terem sido encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as densidades de R. americana nas diferentes fisionomias, parece haver uma preferência da espécie por áreas abertas, de campo ou pastagem, o que sugere que a ema pode ser favorecida pela simplificação da paisagem devido à implantação de pastagens cultivadas.

Cattle ranching on native grasslands is a traditional economic activity in the Brazilian Pantanal. However, recently, there is an increase in the replacement of the native vegetation by cultivated pastures with exotic species. The responses of the local fauna in relation to these changes are still poorly acknowledged. Our aim was to estimate the density of greater rhea (Rhea americana) in three different physiognomies in order to assess the response of population density to these differences. The study was conducted at three ranches located in the Nhecolândia region of the Pantanal, from May to June 2010. In each physiognomy, six to seven line transects were surveyed repeatedly, from 7:00h to 17:00h. Sightings of individuals Greater Rheas or groups were recorded as well as the perpendicular distance between the animals and the transect line. The greater rhea density was estimated as 1,086 ± 0,232 individuals/km2 in woody-dominated grassland, 2,083 ± 0,440 individuals/km2 in open grassland, and 2,030 ± 0,411 individuals/km2 in cultivated exotic pasture. Despite these differences were not statistically significant, our results indicates a preference of open habitats, grasslands or pastures, by Greater Rheas, and suggests that this species may be favored by the landscape simplification due to the introduction of cultivated pastures.