Avaliação de pacientes com dor crônica em consulta de enfermagem ambulatorial por meio dos resultados da Nursing Outcomes Classification/NOC

Abstract

A dor é definida como uma experiência complexa e individual que pode ser desencadeada por uma lesão no tecido, real ou em potencial, e sua manifestação envolve reações emocionais, respostas autônomas, psicológicas e comportamentais. Entre os tipos de dor está a crônica que é caracterizada pela persistência do sintoma por mais de seis meses, os pacientes apresentam fadiga, feições faciais relaxadas, isolamento social, depressão e estado emocional reduzido. Estudos nacionais e internacionais revelam que 80% das pessoas que buscam um serviço de saúde apresentam como principal queixa a dor. No Brasil a dor crônica acomete de 30 a 40% da população e é considerada a principal causa de absenteísmo no trabalho, atestados médicos, licenças e aposentadorias por invalidez, além de ser causa de baixa produtividade no trabalho e indenizações trabalhistas. Este cenário remete à importância do cuidado de enfermagem a esses pacientes, que necessitam ser avaliados de forma acurada. Nesse sentido, a Nursing Outcomes Classification (NOC), isto é, a Classificação dos Resultados de Enfermagem, apresenta-se como um método para avaliar os resultados obtidos por um paciente, família ou comunidade, assistidos pela enfermagem. Os resultados de enfermagem (RE) desta classificação descrevem o estado, os comportamentos, as reações e os sentimentos do paciente em resposta ao cuidado a ele prestado. Diante disso, esse estudo apresenta como objetivo geral analisar os resultados e indicadores de enfermagem NOC na avaliação de pacientes com dor crônica atendidos em consulta de enfermagem ambulatorial. Foi realizado um estudo longitudinal prospectivo, em hospital universitário do sul do Brasil, conduzido em duas etapas: a primeira foi configurada pela criação de um instrumento para a seleção dos RE e indicadores NOC aplicáveis a pacientes com o diagnóstico de enfermagem (DE) Dor Crônica, com base em estudo prévio. A segunda etapa constou da aplicação do instrumento aos pacientes com DE Dor Crônica atendidos em consulta de enfermagem ambulatorial, de forma sistemática e com intervalos de 21 dias entre as avaliações. A amostra foi de nove pacientes com DE Dor Crônica que aceitaram participar da pesquisa, após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. A coleta de dados ocorreu de agosto a novembro de 2017. A análise dos dados foi estatística, por meio do SPSS e realização de teste t-student para amostras pareadas, para comparar as médias dos indicadores dos RE. Foi adotado um nível de significância de 5% (p< ou = 0,05), com intervalo de confiança de 95%. Foram selecionados cinco RE e onze indicadores clínicos, os quais foram aplicados a nove pacientes, a maioria do sexo feminino (88,9 %), com idade média de 56,0 ± 18,2 anos, brancos (66,7 %), casados (33,3%), católicos (77%) e afastados do trabalho, com benefício do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) (66%). O motivo da consulta para todos os pacientes foi o manejo multiprofissional da dor. O RE Controle da Dor apresentou dois indicadores com significância estatística, Descrição dos fatores causadores de dor e uso de medidas de alívio não analgésico. O RE Nível de Dor, apresentou melhora em dois indicadores, Dor relatada e Duração dos episódios de dor. O RE Satisfação do Cliente com seus indicadores Nível da dor monitorado com regularidade e Ações implementadas para aliviar e prevenir a dor/desconforto mantiveram escores sempre altos. Quanto aos cuidados de enfermagem, houve maior frequência daqueles relacionados à monitorização dos níveis de dor, como a avaliação da intensidade, características e localização da dor. Também se enfatiza os cuidados de enfermagem relacionados às ações pessoais e de medidas não farmacológicas para o alívio da dor. Conclui-se que os RE e indicadores NOC são viáveis e possíveis de aplicação para avaliação dos pacientes com Dor Crônica, contribuindo para uma assistência guiada por evidências científicas, que qualificam o processo de enfermagem na prática clínica.

Pain is defined as a complex and individual experience that can be unchained through a lesion in the tissue, real or potential, and its manifestation involves emotional reactions, autonomous, psychological, and behavioral responses. Among the types of pain is chronic pain, which is characterized by the symptom’s persistence for more than six months. Patients present fatigue, relaxed facial features, social isolation, depression, and a reduced emotional state. National and international studies reveal that 80% of the people who look for healthcare services present pain as their main grievance. In Brazil, chronic pain assails from 30 to 40% of the population and is considered the main cause of absenteeism from the workplace, doctor’s statements, leaves, and disability retirements, in addition to being the cause of low productivity in the workplace and workers’ compensation. This scenario demonstrates the importance of nursing care to these patients, who need to be evaluated accurately. In this sense, the Nursing Outcomes Classification (NOC) presents itself as a method for evaluating the results obtained by a patient, family, or community assisted by nursing. The nursing results (NR) from this classification describe the patient’s state, behaviors, reactions, and sentiments in response to the care they receive. Thus, this study’s general objective is to analyze the results and NOC nursing indicators in evaluating patients with chronic pain seen in ambulatory care nursing appointments. A prospective longitudinal study at a university hospital in southern Brazil was performed, conducted in two stages: the first was configured by creating an instrument for selecting NR and NOC indicators applicable to patients with the nursing diagnosis (ND) Chronic Pain, based on previous studies. The second stage recorded the instrument’s application to patients with ND Chronic Pain seen in ambulatory care nursing appointments, systematically and with intervals of 21 days in between evaluations. The sample was of nine patients with ND Chronic Pain who accepted to participate in the study, after signing a free and clarified consent term. Data collection occurred from August to November 2017. Data analysis was statistical, through SPSS and execution of the t-student test for paired samples, to compare the averages of the NR indicators. A significance level of 5% (p<ou = 0.05) was adopted, with a confidence interval of 95%. Five NR and eleven clinical indicators were selected, which were applied to nine patients, the majority being of the female sex (88.9%), with an average age of 56.0 ± 18.2 years, white (66.7 %), married (33.3%), Catholic (77%), and with time off from work, with benefits from the National Institute of Social Security (INSS) (66%). The reason for the appointment for all the patients was the multi-professional handling of pain. The NR Pain Control presented two indicators with statistical significance, Description of the pain-causing factors and the use of non-analgesic relief measures. The NR Pain Level presented improvements in two indicators, Reported pain and Duration of the pain episodes. The NR Client Satisfaction with its indicators Pain level monitored with regularity and Actions implemented to alleviate and prevent pain/discomfort always maintained high scores. With respect to nursing care, there was a large frequency related to monitoring pain levels, such as evaluation of the pain’s intensity, characteristics, and location. Nursing care related to personal actions and non-pharmacological measures for pain relief were also emphasized. It is concluded that the NR and NOC indicators are viable and serve as possible application for evaluating patients with Chronic Pain, contributing to an assistance guided by scientific evidence, which qualify the nursing process in clinical practice.

El dolor es definido como una experiencia compleja e individual que puede ser desencadenada por una lesión en el tejido, real o en potencial, y su manifestación involucra reacciones emocionales, respuestas autónomas, psicológicas y comportamentales. Entre los tipos de dolor está el crónico que se caracteriza por la persistencia del síntoma por más de seis meses, los pacientes presentan fatiga, expresiones faciales relajadas, aislamiento social, depresión y estado emocional reducido. Estudios nacionales e internacionales revelan que el 80% de las personas que buscan un servicio de salud presentan como principal queja el dolor. En Brasil el dolor crónico afecta entre 30 a 40% de la población y es considerado la principal causa de ausentismo en el trabajo, certificados médicos, permisos y jubilaciones por invalidez, además de ser causa de la baja productividad en el trabajo e indemnizaciones laborales. Este escenario expone a la importancia del cuidado de enfermería a estos pacientes, que necesitan ser evaluados de forma precisa. En ese sentido, Nursing Outcomes Classification (NOC), es decir, la Clasificación de los Resultados de Enfermería, se presenta como un método para evaluar los resultados obtenidos por un paciente, familia o comunidad, ayudados por la enfermería. Los resultados de enfermería (RE) de esta clasificación describen el estado, los comportamientos, las reacciones y los sentimientos del paciente en respuesta al cuidado prestado a éste. Frente a ello, este estudio presenta como objetivo general analizar los resultados e indicadores de enfermería NOC en la evaluación de pacientes con dolor crónico atendidos en consulta de enfermería ambulatoria. Fue realizado un estudio longitudinal prospectivo, en hospital universitario del sur de Brasil, realizado en dos etapas: la primera fue configurada por la creación de un instrumento para la selección de los RE e indicadores NOC aplicables a pacientes con el diagnóstico de enfermería (DE) Dolor Crónico, con base en estudio previo. La segunda etapa constó de la aplicación del instrumento a los pacientes con DE Dolor Crónico atendidos en consulta de enfermería ambulatoria, de forma sistemática y con intervalos de 21 días entre las evaluaciones. La muestra fue de nueve pacientes con DE Dolor Crónico que aceptaron participar de la encuesta, tras firmar el término de consentimiento libre y esclarecido. La colecta de datos ocurrió desde agosto a noviembre de 2017. El análisis de los datos fue estadística, por medio del SPSS y realización de prueba t-student para muestras pareadas, para comparar los promedios de los indicadores de los RE. Fue adoptado un nivel de significancia de 5% (p< o = 0,05), con intervalo de confianza de 95%. Fueron seleccionados cinco RE y once indicadores clínicos, los cuales fueron aplicados a nueve pacientes, la mayoría del sexo femenino (88,9 %), con edad promedio de 56,0 ± 18,2 años, blancos (66,7 %), casados (33,3%), católicos (77%) y retirados del trabajo, con beneficio del Instituto Nacional de Seguridad Social (INSS) (66%). El motivo de la consulta para todos los pacientes fue el manejo multiprofesional del dolor. El RE Control del Dolor presentó dos indicadores con significancia estadística, Descripción de los factores causantes de dolor y uso de medidas de alivio no analgésico. El RE Nivel de Dolor, presentó mejora en dos indicadores, Dolor relatada y Duración de los episodios de dolor. El RE Satisfacción del Cliente con sus indicadores Nivel de dolor monitoreado con regularidad y Acciones implementadas para aliviar y prevenir el dolor/malestar mantuvieron puntuaciones siempre altas. Respecto a los cuidados de enfermería, hubo mayor frecuencia de aquellos relacionados al monitoreo de los niveles de dolor, como la evaluación de la intensidad, características y localización del dolor. También se enfatiza los cuidados de enfermería relacionados a las acciones personales y de medidas no farmacológicas para el alivio del dolor. Se Concluye que los RE e indicadores NOC son viables y posibles de aplicación para evaluación de los pacientes con Dolor Crónico, contribuyendo a una asistencia guiada por evidencias científicas, que califican el proceso de enfermería en la práctica clínica.