Desafio diagnóstico e terapêutico frente a um hemangiossarcoma esplênico e pancreatite em um cão da raça samoieda : relato de caso

Abstract

Introdução: O hemangiossarcoma (HSA) é uma das neoplasias malignas de grande incidência em cães de meia idade a idosos, nos quais a sintomatologia clínica apresentada é muitas vezes inespecífica. Assim, o seu diagnóstico é realizado principalmente por meio de exames complementares, como a ultrassonografia. A identificação precoce dessa neoplasia, juntamente, com a remoção cirúrgica seguida de quimioterapia, costuma ser a terapêutica indicada, com grande influência no prognóstico dos pacientes. Do mesmo modo, correlaciona-se a pancreatite, principal enfermidade do pâncreas exócrino, que acomete principalmente animais de idade avançada, embora não existam estimativas reais da prevalência desta patologia. Assim como o HSA, a pancreatite é diagnosticada com combinação de exames laboratoriais e de imagem. O tratamento da inflamação pancreática é clínico e o prognóstico para os pacientes é variável, de acordo com a extensão da inflamação e presença ou não de complicações sistêmicas. Objetivo: Realizar uma revisão bibliográfica sobre ambas as enfermidades e relatar um caso de HSA esplênico concomitante com pancreatite em um canino, fêmea, raça samoieda, de 14 anos. Relato de caso: Na paciente, com sintomatologia inespecífica e histórico de pancreatite há dois anos, o quadro de inflamação pancreática foi reconfirmado, definido como uma manifestação aguda da pancreatite crônica e tratado de forma adequada. Todavia, houve persistência da sintomatologia e piora do estado, levando a reinternação e identificação da neoplasia esplênica, tratada apenas cirurgicamente, sem quimioterapia adjuvante. Discussão: No presente caso a confirmação da segunda patologia foi essencial para o controle clínico da sintomatologia de pancreatite, que só foi resolvida após a correção do estado anêmico e hipovolêmico da paciente, juntamente com a realização da esplenectomia. Conclusão: Assim, foi evidenciada uma possível correlação entre as duas enfermidades, onde o desenvolvimento da neoplasia e, consequentemente, a sua sintomatologia, contribuiu para a evolução da inflamação pancreática. Portanto, a identificação adequada das duas patologias foi essencial para a terapêutica do canino, permitindo a sobrevida do animal por 15 meses, mesmo sem utilização da quimioterapia como adjuvante na terapêutica do HSA. Consequentemente, a samoieda superou a expectativa de vida da raça (12 anos), sendo eutanasiada com mais de 15 anos, após 450 dias do procedimento cirúrgico.

Introduction: The hemangiosarcoma (HAS) is one of the malignant neoplasms of great incidence in dogs of middle age to the elderly, in which the presented clinical symptomatology is often nonspecific. Thus, its diagnosis is mainly performed through complementary tests, such as ultrasonography. Early identification of this neoplasm, together with surgical removal followed by chemotherapy, is usually the indicated therapy, with great influence on the prognosis of the patients. Similarly, pancreatitis is the main disease of the exocrine pancreas, which mainly affects animals of old age, although there are no real estimates of the prevalence of this pathology. Like HSA, pancreatitis is diagnosed with a combination of laboratory and imaging tests. The treatment of pancreatic inflammation is clinical and the prognosis for patients is variable, according to the extent of inflammation and the presence or absence of systemic complications. Objective: Perform a bibliographic review on both diseases and reportt a case of splenic HSA concomitant with pancreatitis in a canine, female, of the samoieda breed, 14-years-old. Case report: In the patient with nonspecific and historical symptoms of pancreatitis two years ago, the pancreatic inflammation was reconfirmed, defined as an acute manifestation of chronic pancreatitis and adequately treated by the clinician. However, there was persistence of symptomatology and worsening of the state, leading to a re-hospitalization and the splenic neoplasia was identified, treated only surgically, whitout adjuvant chemotherapy. Discussion: In the present case the confirmation of the second pathology was essential for the clinical control of the symptoms of pancreatitis, which was only resolved after correction of the anemic and hypovolemic state of the samoieda, together with splenectomy. Conclusion: Thus, was evidenced a possible correlation between the two diseases, where the development of the neoplasia, and consequently its symptomatology, contributed to the evolution of pancreatic inflammation. Therefore, the adequate identification of the two pathologies was essential for canine therapy, allowing the patient's survival of 15 months, even without chemotherapy as an adjuvant in HSA therapy. Consequently, the samoieda surpassed the life expectancy of the breed (12 years), being euthanized more than 15 years, after 450 days of the surgical procedure.