Movimentos de pensar, fazer e sentir na formação docente : a potência do conceito breakdown

Abstract

Este trabalho buscou inicialmente acompanhar, problematizar e analisar, por meio da pesquisa-intervenção, dois movimentos distintos: uma disciplina e uma oficina imersiva para discutir as possibilidades de produção de breakdown com um grupo de graduandas em pedagogia. Diante do atípico ano de 2020, um terceiro movimento se colocou iminente: oficinas figurativas foram promovidas com professoras que trabalharam de modo síncrono e assíncrono durante a pandemia da COVID-19. As oficinas figurativas facilitaram a observação dos efeitos dessa experiência no trabalho das professoras, dessa forma buscou-se compreender quais expressões e afetos emergiram diante dessa experiência inédita que também pode ser considerada uma atualização do conceito de inédito-viável de Paulo Freire. A teoria da enação, que promove uma confluência entre a fenomenologia, a ciência cognitiva e o budismo, contribui na compreensão dos processos cognitivos entendendo que o ensino-aprendizagem acontece de maneira enatuada e corporificada. Dessa experiência foram produzidas três figurações que buscam expressar os efeitos da pandemia na vida das professoras. Diante das experiências de breakdown promovidas na disciplina, na oficina imersiva e na oficina figurativa foi possível observar que o apego aos hábitos leva as estudantes de pedagogia e as professoras a uma repetição de certos modos de agir, mesmo quando estão diante de um colapso cognitivo, o que demonstra um apego a uma suposta identidade profissional. As propostas metodológicas imersivas se mostraram um campo promissor, uma vez que promoveram a convergência com outros micromundos e mostraram que existe a possibilidade de produção de outras microidentidades, levando a um aumento no repertório de ação de estudantes e professoras. Por fim, buscou-se também com este trabalho pensar, coletivamente, de que maneira a universidade pode aprofundar e promover experiências mais diversificadas que levem as estudantes de pedagogia e demais licenciaturas a refletir sobre os possíveis espaços de trabalho, para possibilitar assim a construção de uma trajetória profissional coletiva.

The following research initially sought to monitor, problematize and analyse, through intervention research, two distinct movements, a college discipline and an immersive workshop to discuss the possibilities of producing breakdown with a group of undergraduate students in pedagogy. Faced with the pandemic in 2020, a third movement was imminent, in view of that figuration workshops were promoted with teachers who worked synchronously and asynchronously during the COVID-19 pandemic. The figuration workshops facilitated the observation of the effects of this experience on the teachers' work, thus seeking to understand what expressions and affections emerged in the face of this unprecedented experience that can also be considered an update of Paulo Freire's concept of the unprecedented viable. The theory of enation that promotes a confluence between phenomenology, cognitive science and Buddhism contributes to the understanding of cognitive processes by understanding that teaching and learning happens in an enacted and embodied way. From this experience, three figurations were produced that seek to express the effects of the pandemic on the teachers' lives. In view of the breakdown experiences promoted in the discipline, in the immersive workshop and in the figuration workshop, it was possible to observe that the attachment to the habits leads pedagogy students and schoolteachers to a repetition of certain ways of acting, even when facing a cognitive breakdown. That shows an attachment to a supposed professional identity. The immersive methodological proposals proved to be a promising field since they promoted convergence with other microworlds, showing that there is a possibility of producing other micro-entities that leads to an increase in the action repertoire of students and schoolteachers. Finally, this work also sought to think, collectively, of how the university can deepen and promote more diverse experiences that lead students of pedagogy and future teachers from other school subjects to reflect on possible workspaces so that it is possible to build a professional trajectory collective.