Penitenciária estadual feminina de Guaíba : mapa falante e a dinâmica das relações

Abstract

Introdução: O Brasil ocupa a quarta colocação em relação ao tamanho absoluto da população prisional feminina entre os doze países que mais encarceram mulheres no mundo. No RS, a população feminina privada de liberdade é de 2.486 mulheres e, destas, 345 estão reclusas na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba (PEFG). O objetivo deste trabalho foi apresentar uma narrativa sobre território da PEFG, mais especificamente das galerias C e D desta penitenciária, evidenciando as dinâmicas de relação importantes à presença de práticas de educação física voltadas para a saúde nesse contexto. Metodologia: O delineamento deste estudo se deu através do método da cartografia. Este método foi formulado por Gilles Deleuze e Félix Guattari (1995) e, embora não se defina por um conjunto de procedimentos a priori, não significa que a cartografia aconteça na ausência total de orientações, as quais são designadas como pistas. Resultados: Para este trabalho, realizei uma imersão no território – que é o meu próprio local de trabalho – onde foram registradas situações pontuais cuja análise nos mostra um pouco sobre as relações entre as apenadas das galerias C e D. Atualmente trabalho nesse território como Agente Penitenciária e, simultaneamente, estou encerrando minha graduação em educação física; trata-se da duplicidade da cartógrafa. Desse modo, os relatos a serem apresentados são, de um lado, oriundos da observação da agente e, de outro lado, de alguém que pensa a presença das práticas corporais nesse contexto. Considerações finais: Dentro de uma instituição com tantas regras rígidas e normas de segurança, torna-se uma tarefa difícil a implementação de qualquer tipo de programa para prática corporal por que é um ambiente em que a possibilidade de conflito e o clima de tensão são constantes. Além disso, estas instituições e suas dinâmicas de funcionamento existem justamente para evitar o conflito direto entre as apenadas. Desta forma, parece que somos capturados pelo dilema: o qual refere-se a permitir e/ou fornecer meio para que os horários de pátio sejam aproveitados com alguma prática corporal benéfica a saúde ou evitar jogos a fim de diminuir as chances de algum tipo de violência ocorrer em virtude de algum lance polêmico dentro da atividade realizada.

Introduction: Brazil occupies the fourth place in relation to the absolute size of the female prison population among the twelve countries that have most imprisoned women in the world. In the RS, the female population deprived of their liberty is 2,486 women, and of these, 345 are held in the Guaíba Women's State Penitentiary (PEFG). The goal of this work was to present a narrative about the territory of the PEFG, more specifically the galleries C and D of this penitentiary, presenting the dynamics of important relationship to the presence of physical education practices focused on health in this context. Methodology: The design of this study was based on the cartography method. This method was formulated by Gilles Deleuze and Félix Guattari (1995). Results: I carried out an immersion in the territory - which is my own place of work - where specific situations were recorded, whose analysis shows us a little about the relations between the distressed ones of galleries C and D. Thus, the reports to be presented are, on the one hand, derived from the observation of the agent and, on the other hand, from someone who thinks the presence of the corporal practices in that context. Final Considerations: Within an institution with so many rigid rules and safety standards, it is a difficult task to implement any type of program for body practice because it is an environment in which the possibility of conflict and the tension climate are constant. In addition, these institutions and their dynamics of functioning exist precisely to avoid direct conflict between the grieving. In this way, it seems that we are caught by the dilemma: which refers to allowing and / or providing means for patio hours to be taken advantage of with some beneficial health practice or to avoid games in order to decrease the chances of some kind of violence occurs due to some controversial move within the activity.