Desenvolvimento de um chatbot de psicoeducação para transtornos de adaptação em pacientes internados em hospitais gerais

Abstract

Introdução: Os transtornos de adaptação podem ser definidos como uma resposta não adaptativa a um estressor identificável. Os transtornos de adaptação são muito prevalentes em pacientes não psiquiátricos internados em hospitais gerais, e podem, se não abordados adequadamente, piorar o prognóstico do paciente. A abordagem dos transtornos de adaptação no contexto intrahospitalar não é consenso e, muitas vezes, os pacientes acabam por não receber o devido tratamento ou receber manejos inadequados. Segundo a literatura, uma opção bem estabelecida para o tratamento dos transtornos de adaptação é a psicoeducação. Dentro da saúde mental, os chatbots têm sido apontados como ferramentas para diferentes finalidades. Chatbots são programas de computador capazes de trocar mensagens com seres humanos, simulando uma conversa, possibilitando obter informações de forma ágil e de acordo com o interesse do usuário. Objetivo: Criar a prova de conceito de um chatbot para realizar intervenções baseadas em psicoeducação para transtornos de adaptação em pacientes clínicos internados em hospitais gerais. Métodos: O projeto foi realizado em seis etapas. Na primeira foi realizada uma revisão narrativa para o levantamento de conteúdos sobre transtornos de adaptação e psicoeducação para transtornos de adaptação a serem incorporados na ferramenta. Em seguida foi desenvolvida a primeira versão do chatbot (etapa 2). Após sua criação, o chatbot teve seu conteúdo avaliado por um painel de especialistas (etapa 3) e foi redesenhado a partir dos feedbacks obtidos (etapa 4). Sua usabilidade foi então avaliada por pacientes internados em um hospital geral (etapa 5) e, por fim, na última etapa (etapa 6), foi realizado o desenvolvimento da versão final da ferramenta. Resultados: Com base na literatura estudada e no método proposto, foi desenvolvido um chatbot programado para utilizar fluxos de conversa com o objetivo de realizar psicoeducação para transtornos de adaptação em indivíduos internados em hospitais gerais. Para isso, foi criado um avatar como representação virtual do bot, chamado de D.A.P.T.A. (Diálogos Autônomos Para Transtornos de Adaptação). A D.A.P.T.A. tem a função de interagir com o usuário, explicar o funcionamento da ferramenta e apresentar os diferentes tópicos presentes. A ferramenta foi didaticamente dividida em seções baseadas em preceitos consagrados da psicoeducação e aborda o que é psicoeducação, a definição de transtornos de adaptação, seus sintomas, tratamento, curso clínico, entre outros. O produto teve seu conteúdo avaliado e aprovado por um painel de especialistas através de versão adaptada do Instrumento de Validação de Conteúdo Educativo em Saúde e sua usabilidade avaliada e aprovada por pacientes internados em um hospital geral através de uma versão adaptada do instrumento System Usability Scale. O produto final é um chatbot interativo com a finalidade de realizar psicoeducação para transtornos de adaptação em pacientes clínicos internados em hospitais gerais. Conclusão: O desenvolvimento desse chatbot permitiu vislumbrar novas possibilidades no cuidado aos pacientes. Nossa percepção é de que os bots podem vir a desempenhar um papel fundamental no manejo dos transtornos psiquiátricos e serem um importante complemento às abordagens tradicionais.

Introduction: Adjustment disorders can be defined as a non-adaptive response to an identifiable stressor. Adjustment disorders are very prevalent in non-psychiatric patients admitted to general hospitals, and can, if not managed properly, worsen the patient's prognosis. The approach to adjustment disorders in the hospital setting is not a consensus and, often, patients end up not receiving or receiving inadequate treatment. According to literature, a well-established option for treating adjustment disorders is psychoeducation. Within mental health, chatbots have been identified as tools for different purposes. Chatbots are computer programs capable of exchanging messages with human beings, simulating a conversation, being able to bring information quickly and according to the user's interest. Objective: To create the proof of concept of a chatbot able to perform interventions based on psychoeducation for adjustment disorders in clinical patients admitted in general hospitals. Methods: The project was carried out in six stages. In the first one, a narrative review was carried out to collect content on adjustment disorders and psychoeducation for adjustment disorders to be incorporated into the tool. Then the first version of the chatbot was developed (step 2). After its creation, the chatbot had its content evaluated by a panel of experts (step 3) and was redesigned based on the feedback obtained (step 4). Its usability was then evaluated by patients admitted in a general hospital (step 5) and, finally, in the last step (step 6), the development of the final version of the tool was carried out Results: Based on the studied literature and the proposed method, a chatbot based on conversational flow was developed with the objective to perform psychoeducation for adjustment disorders in individuals hospitalized in general hospitals. For this, an avatar was created as a virtual representation of the bot, called D.A.P.T.A. It has the function of interacting with the user, explain how the tool works and present the different topics available. The tool was didactically divided into sections based on established psychoeducation precepts and addresses what is psychoeducation, the definition of adjustment disorders, their symptoms, treatment, clinical course, among others. The product had its content evaluated and approved by a panel of experts using the Instrumento de Validação de Conteúdo Educativo em Saúde and its usability evaluated and approved by patients admitted in a general hospital using the System Usability Scale. The final product is an interactive chatbot with the purpose of performing psychoeducation for adjustment disorders in clinical patients admitted in general hospitals. Conclusion: The development of this chatbot allowed us to glimpse new possibilities in patient care. Our perception is that bots could play a key role in the management of psychiatric disorders and be an important complement to traditional approaches.