A beleza programada e o eu ciborgue: filtros faciais e sua implicação na construção da autoimagem de mulheres de 18 a 25 anos moradoras de Porto Alegre e Região Metropolitana

Abstract

O presente trabalho parte da discussão acerca do padrão de beleza, suas articulações com as subjetividades humanas e as estruturas que o sustentam. Seu desenvolvimento ocorre na presença dos principais pontos da história do belo até a era digital: momento em que os filtros faciais se tornam ferramentas essenciais para a disseminação da beleza programada. O problema de pesquisa desenvolvido foi: como os filtros faciais do Instagram são apropriados por mulheres jovens na percepção de sua autoimagem? A partir dele, definiu-se como objetivo geral identificar, a partir das experiências de mulheres moradoras de Porto Alegre e Região Metropolitana, com idade entre 18 e 25 anos, de que modo o consumo e exposição dos filtros faciais no Instagram se relaciona com a percepção de si. Já quanto aos objetivos específicos, tem-se: discutir o panorama da beleza na contemporaneidade, bem como sua relação com a autoestima de mulheres; debater a construção de um padrão estético computadorizado através dos filtros faciais; entender a percepção das respondentes acerca dos principais temas da pesquisa e de que forma eles são tangibilizados na sua autopercepção. Para isso, os seguintes conceitos foram centrais: beleza programada, imagens enquanto interface de mediação do cotidiano, performatividade e a busca pela aceitação de si, partindo da aprovação de terceiros. Como estratégias metodológicas foram utilizadas: pesquisa bibliográfica, documental e questionário. Como consequência foram mobilizadas 168 mulheres com perfis compatíveis ao objetivo geral. Os resultados da pesquisa apontam que as respondentes reconhecem o Instagram Face enquanto o padrão de beleza vigente, tanto a partir das características do mesmo, quanto nos nomes citados como exemplos de belo. Além disso, elas enxergam que “ser bonita” é uma oportunidade para acessar o sucesso e o merecimento; portanto, a maioria da amostra está disposta a melhorar algum aspecto de sua aparência. Percebe-se também que as respondentes se sentem mais bonitas com a presença dos filtros e preferem suas selfies utilizando a ferramenta, além de outras sinergias analisadas ao longo do trabalho. Diante desses apontamentos, o aspecto de informalidade e diversão presente nos filtros faciais pode vir a ser uma característica essencial de sua estrutura.

The present paper starts its discussion about beauty patterns, their articulations with human subjectivities and with their supporting structures. This paper development occurs in the presence of the main events in the history of beauty until the digital era: time in which selfie filters have become essential tools for programmed beauty dissemination. The research problem dictates: How are Instagram selfie filters appropriated by young women in the perception of their self-image? From there, it was defined as a general objective to identify, from women’s experience, who are housed in the metropolitan region of Porto Alegre, with age ranging from 18 to 25 years old, how consumption and exposure of Instagram selfie filters relates with women’s self perception. The specific objectives in this work are: To discuss the beauty panorama in contemporaneity, as well as its relationship with women’s self-esteem; to debate the construction of computerized aesthetic pattern through selfie filters; to understand the participant’s perception about this research main subjects, but also, in which way they are made tangible by the same self perception. In order to do that, the following concepts were made central in this research: programmed beauty; images as an interface of everyday mediation; spectacularization and the search for self acceptance, based on third-party approval. The methodology used for this paper were the following techniques: documental and bibliographic research, as well as surveys. 168 women compatible with main objectives parameters were surveyed in total. The results points towards the acknowledgement of the Instagram Face as the current beauty standard by this research sample, both from its characteristics and the names cited as examples of beauty. The analyzed sample also sees “being pretty” as an opportunity to reach success and third-party acknowledgement. Therefore, the majority of the sample is willing to improve some aspect of their own appearance. It’s important to notice that the interviewed women feel prettier with face filters on and like their selfies better when using the tool, in addition to other synergies analyzed throughout the work. In the light of these appointments, the aspect of informality and entertainment of the filters may be one its most essential features.