Mostrar registro simples

dc.contributor.advisorPetersen, Sílvia Regina Ferrazpt_BR
dc.contributor.authorSilva, Nauber Gavski dapt_BR
dc.date.accessioned2010-10-02T04:21:18Zpt_BR
dc.date.issued2010pt_BR
dc.identifier.urihttp://hdl.handle.net/10183/26109pt_BR
dc.description.abstractO problema que pretendi resolver nessa dissertação de mestrado é o seguinte: quais as condições de vida da classe operária em formação em Porto Alegre entre os anos 1905 e 1932, e como se dava a disputa pela definição daquelas condições entre os próprios operários, a burguesia e o Estado? Para mapear essas questões, desenvolvi uma aproximação com a produção acadêmica da historiografia brasileira, estudos antropológicos e a produção de alguns economistas dos anos 1950. Como resultado, historicizei a consolidação do conceito de “padrão de vida” no Brasil, incorporado acriticamente por alguns historiadores a partir do modo de proceder daqueles economistas. Ocorre é que aquele conceito foi aplicado sobre a realidade operária como forma de análise das condições econômicas da suposta “família operária”, que, na prática, não possui correspondência efetiva com os arranjos familiares praticados pelo operariado. Esses estudos econômicos serviam de base para o Estado avaliar o custo de vida da família operária, através dos itens discriminados nas entrevistas domiciliares. Fundamentalmente, tais estudos abandonavam a perspectiva de relações de classe, prejudicando a análise das condições de vida do operariado em suas diversas manifestações (como habitação, saúde, lazer, educação), e deslegitimando a atuação operária diante dessas questões na medida em que tornava meramente técnico um debate que até então se realizava na arena política, tendo como atores o operariado, o Estado e a burguesia. Depois de uma análise da bibliografia histórica pertinente, consegui chegar aos aspectos que considerei centrais para entender as condições de vida do operariado porto-alegrense entre 1905 e 1932. A habitação foi objeto do primeiro capítulo, enquanto a alimentação se constitui no tema do segundo. No primeiro capítulo, tratei basicamente das atuações das diferentes esferas estatais – federal, estadual e municipal – diante do problema da habitação operária, em contraposição aos modelos mais difundidos de forma adequada de habitação. Além disso, a atuação operária diante desse problema – através de demandas específicas em greves e denúncias em jornais – serviu para evidenciar a forte disputa em torno do modo de vida das classes populares em Porto Alegre, além da luta do operariado para conseguir manter o orçamento doméstico equilibrado, em função da alta participação dos aluguéis no consumo dos seus salários. Pude observar também o progressivo abandono estatal de uma política de construção de casas próprias para o operariado, e uma substituição a longo prazo por um projeto de estímulo ao movimento de autoconstrução de moradias precárias, formando as primeiras “vilas de malocas” da cidade. Assim, desonerava-se o Estado e rebaixava-se o custo de reprodução da mão-de-obra para a burguesia da capital. Como tema correlato, tratei também da consolidação do transporte público em Porto Alegre. Quanto à alimentação, analisei a cultura de consumo vigente entre o operariado, para proceder a uma análise quantitativa dos custos de consumo dos principais itens da sua alimentação. A carne, principal elemento daquelas dietas, foi objeto privilegiado de análise de evolução de preços e consumo. Assim foi possível estabelecer as relações entre movimento dos valores dos produtos, ciclos econômicos e ocorrência de manifestações contra a carestia da vida. As formas de acesso aos produtos também foram analisadas, como a criação das feiras-livres nos anos 1920, as hortas e eventualmente a pesca. A forma de abastecimento de água também comparece, ao lado de alguns dados sobre estado sanitário da classe operária. Enfim, a partir de uma perspectiva relacional de classe de Thompson, pude observar como a experiência da exploração, sentida pelos trabalhadores porto alegrenses sobremaneira nas formas de vida diferenciadas entre os operários e “os outros”, moldou as formas de atuação do movimento operário da Primeira República, ao mesmo tempo em que esse mesmo movimento foi o responsável por tornar evidente tal relação de classes.pt_BR
dc.description.abstractThe issue I intended to answer in this masters dissertation is the following one: what were the conditions of living of the constituting working-class in Porto Alegre, between 1905 and 1932, and how did the dispute on the definitions of those conditions take place among the workers, the bourgeoisie and the State? To map out these questions I developed an approach to the academic production of the Brazilian historiography, anthropological studies and the production of 1950s economists. As a result I historicized the consolidation of the “standard of living” concept in Brazil, which was uncritically used by some historians who based their analysis on the economists‟ procedures. That concept was applied to the workers reality as a way to analyze the economical conditions of the supposed “working-class family” which actually have no effective correspondence to the family arrangements practiced by the working-class. These economical studies were used as a basis of the working-class family cost of living evaluation by the State, through the items discriminated in home interviews. Fundamentally, such studies abandoned the class relations perspective, harming the analysis of the working-class conditions of living in their different expressions (such as dwelling, health, leisure, education) and unlegitimizing the working-class acting in the face of these issues, since they made merely technical a debate which up to that time occurred in the political arena and whose actors were the working-class, the State and the bourgeoisie. After analyzing the appropriate historical bibliography, I managed to reach the aspects which I considered the main ones to understand the working-class conditions of living in Porto Alegre between 1905 and 1932. Dwelling was the subject of the first chapter, while nourishment is the issue of the second one. In the first chapter, I basically addressed to the acting of the distinct State spheres – federal, state and municipal – in the face of the working-class dwelling problem, in opposition to the most diffused models of appropriate dwelling. Moreover, the working-class acting in the face of this problem – through specific claims in strikes and in newspapers denunciations – was useful to put in evidence the intense dispute regarding the popular classes way of life in Porto Alegre, besides the working-class struggle to keep the home budget balanced, due to the high stake of rents in the spending of their wages. I could also notice the progressive State rejection in developing a policy which allows the working-class to own a house, and a long term substitution by a project of stimulating the self-construction movement of precarious dwellings, making the first “slums” (“vilas de malocas”) in the city. Thus the State exempted itself and the reproduction cost of labor to the local bourgeoisie was lowered. As a correlated subject, I also discussed the consolidation of public transportation in Porto Alegre. Considering nourishing, I analyzed the current culture of consumption amongst the working-class, in order to proceed a quantitative analysis of the consumption costs of their nourishing main items. Meat, the main component of those diets, was a privileged item in the price and consumption evolution analysis. Therefore it was possible to establish the relations between the movement of the goods values, the economical cycles and the occurrence of demonstrations against the life high cost. The way of access to the goods has also been analyzed, such as the creation of fairs in the 1920s, crops, and fortuitously fishing. The mode of water supplying also appears, beside some data on the working-class sanitary conditions. At last, through Thompson‟s class relational perspective, I could notice how the experience of exploitation lived by workers in Porto Alegre, mainly due to the difference between workers and “the other ones” ways of living, shaped the modes of acting of the workers movement in the First Republic, at the same time in which this same movement was the responsible of putting in evidence such classes relation.en
dc.format.mimetypeapplication/pdf
dc.language.isoporpt_BR
dc.rightsOpen Accessen
dc.subjectHistória do Rio Grande do Sulpt_BR
dc.subjectClasses sociaispt_BR
dc.subjectTrabalhadorespt_BR
dc.subjectOperáriospt_BR
dc.subjectOperariadopt_BR
dc.subjectClasse operáriapt_BR
dc.subjectAlimentaçãopt_BR
dc.subjectHabitaçãopt_BR
dc.subjectCondições sociaispt_BR
dc.subjectPorto Alegre (RS)pt_BR
dc.titleVivendo como classe : as condições de habitação e alimentação do operariado porto-alegrense entre 1905 e 1932pt_BR
dc.typeDissertaçãopt_BR
dc.identifier.nrb000756391pt_BR
dc.degree.grantorUniversidade Federal do Rio Grande do Sulpt_BR
dc.degree.departmentInstituto de Filosofia e Ciências Humanaspt_BR
dc.degree.programPrograma de Pós-Graduação em Historiapt_BR
dc.degree.localPorto Alegre, BR-RSpt_BR
dc.degree.date2010pt_BR
dc.degree.levelmestradopt_BR


Thumbnail
   

Este item está licenciado na Creative Commons License

Mostrar registro simples