Mucinose oral focal : uma revisão sistemática

Abstract

A mucinose oral focal (MOF) é uma lesão benigna, que acomete a cavidade bucal, mas sua exata etiologia permanece desconhecida. A MOF é uma lesão rara, sendo descrita na literatura pela primeira vez em 1974 pelo Dr. Tomich e seus colaboradores, considerada uma contraparte de mucinose cutânea focal. Visto os poucos relatos na literatura, uma revisão sistemática agrupando os casos de MOF, seria importante para elucidar os atuais conhecimentos sobre essa lesão. O objetivo deste estudo foi integrar as características demográficas, clínicas e histopatológicas de casos previamente publicados de MOF em uma revisão sistemática. A revisão foi devidamente registrada no PROSPERO. Foram realizadas buscas eletrônicas sem restrição de data de publicação nas seguintes bases de dados: Embase (Elsevier), PubMed/MEDLINE (National Library of Medicine), Web of Science (Thomson Reuters) e Scopus (Elsevier). Além disso, foram feitas buscas manuais nas referências de artigos incluídos. Como critério de elegibilidade foram considerados artigos de relato de caso ou série de casos de MOF publicados na língua inglesa e que apresentassem informações clínicas e histopatológicas suficientes para o diagnóstico de MOF. Foram excluídos artigos que eram cartas ao editor, anais de congressos e artigos de revisão. Quarenta estudos, totalizando 111 casos de MOF foram identificados na literatura. Os casos foram apresentados em 12 países diferentes, sendo a maioria no Brasil (n=41). A média de idade dos indivíduos afetados foi 40.36 ±17.83 anos e a lesão acometeu mais mulheres (n=78/70.27%) na 4ª década de vida. O local anatômico mais afetado foi a gengiva (n=57/52.29%) com características clínicas de nódulo (n=84/100.00%) assintomático (n=76/88.37%). Os exames radiográficos mostraram que na maioria dos casos a lesão não afetou osso (n=16/72.73%). Fibroma (n=53/58.24%) foi a hipótese diagnóstica mais sugerida nos artigos incluídos e o tratamento de escolha foi a remoção cirúrgica (n=93/93.94%). Histologicamente, as lesões foram descritas como bem demarcadas, mas não encapsuladas, contendo um estroma fibromixomatoso frouxo composto por fibroblastos estrelados e fusiformes. O diagnóstico final das lesões de MOF necessitam de análise histopatológico, sendo assim, pode ocorrer o subdiagnóstico. A lesão deve ser incluída como diagnóstico diferencial das lesões benignas de tecidos moles da cavidade oral.

Oral focal mucinosis (OFM) is a benign lesion that affects the oral cavity. The exact etiology of this lesion remains unknown. OFM is a rare lesion that was described for the first time in the literature in 1974 by Dr. Tomich and colleagues, who considered it a counterpart of cutaneous focal mucinosis. Given that there are only a few reports in the literature, a review of these cases would be important to summarize the current knowledge about this lesion. The aim of this study was to integrate the demographic, clinical and histopathological characteristics of previously published cases of OFM in a systematic review. The review was registered in PROSPERO. Electronic searches without a publication date restriction were carried out in Embase (Elsevier), PubMed/MEDLINE (National Library of Medicine), Science (Thomson) and Scopus (Elsevier). Furthermore, manual searches were made in the references of included articles. Eligibility criteria were case reports or series of cases of OFM published in english with enough clinical and histopathological information for the diagnosis of OFM. Articles that were letters to the editor, conference proceedings and review articles were excluded. Forty studies reporting 111 cases of OFM were identified in the literature. The cases were reported in 12 different countries, most of them in Brazil (n=41). The mean age of affected individuals was 40.36 ±17.83 years and the lesion was more prevalent in women (n=78/70.27%) in the 4th decade of life. The most affected anatomical site was the gingiva (n=57/52.29%), and the most common presentation was an asymptomatic (n=76/88.37%) nodule (n=84/100.00%). The imagological exams showed that in most cases the lesion didn’t affect the bone (n=16/72.73%). Fibroma (n=53/58.24%) was the most common diagnostic hypotheses in the included articles and the usual treatment was surgical removal (n=93/93.94%). Histologically, the lesions were described as well-demarcated but not encapsulated, containing a loose fibro-myxomatous stroma composed of stellate and spindle-shaped fibroblasts. The definitive diagnosis of OFM lesions requires histopathological analysis, and therefore underdiagnosis may occur. The lesion should be included as a differential diagnosis of benign soft tissue lesions of the oral cavity.