Coreografia "21" do Grupo Corpo : 21 percepções sobre o processo de criacão cênica

Abstract

“21” é a coreografia da companhia mineira de dança Grupo Corpo, que inaugura uma nova etapa no fazer coreográfico de Rodrigo Pederneiras. Estreou em 1992, com trilha sonora especialmente composta por Marco Antônio Guimarães e interpretada pelo grupo mineiro UAKTI. O objetivo aqui é, tanto quanto possível, entender o percurso que leva à efetivação do processo coreográfico de “21”. Variadas fontes de informação (vídeos, fotografias, entrevistas, documentos acadêmicos e material de mídia) foram analisadas para, enfim, propor-se um desvendamento. Assim o é na grounded theory, metodologia aqui utilizada que parte da ausência de uma proposta teórica prévia para construí-la à medida que surgem as descobertas. A imersão na análise da gravação original de “21” trouxe à sensibilidade 21 percepções: a música como motivação fundamental do coreógrafo; as interferências do elenco, sua longevidade artística e as rasuras do processo coreográfico; os elementos norteadores da coreografia; as influências sobre Rodrigo Pederneiras; a análise das 14 cenas, com todas as suas dúvidas, andamentos e contagens que surpreendem; figurinos, iluminação e cenário; e, por fim, as ponderações sobre o modus operandi do coreógrafo e os rastros da obra em outros trabalhos do grupo. Um conjunto de valências e procedimentos parece compor a teoria final: criatividade, abstração, tentativa e erro, detalhamento, equipe, multiplicações e derivações. Afinal, quase desvendamos “21”.

“21” est la chorégraphie de Grupo Corpo (Minas Gerais – Brésil), qui annonce une nouvelle étape dans la réalisation chorégraphique de Rodrigo Pederneiras. La pièce a débuté en 1992, avec une bande-son spécialement composée par Marco Antonio Guimarães, exécuté par le groupe UAKTI. L’objectif est, autant que possible, de comprendre le chemin qui mène à la réalisation du processus chorégraphique de “21”. Diverses sources d’information (vidéos, photos, interviews, documents scientifiques, matériel multimédia) ont été analysés, pour finalement proposer un dévoilement. Avec la méthodologie ici utilisée – grounded theory – l’absence d’une proposition théorique précédante soulève sa construction à mesure qu’ils surviennent les découvertes. L’immersion dans l’analyse du vidéo original de “21” a occasionné 21 perceptions: la musique comme motivation fondamentale pour le chorégraphe, l’ingérence des danseurs et de sa longévité artistique sur le processus chorégraphique; éléments-clés de la chorégraphie; influences sur Rodrigo Pederneiras; l’analyse des 14 scènes, avec tous ses doutes, ses tempos et métriques surprennants; les costumes, l’éclairage et le scénario et, enfin le modus operandi de Rodrigo Pederneiras et les traces du travail dans d’autres travaux du groupe. Un ensemble de compétences et de procédures semble composer une théorie finale: la créativité, l’abstraction, essais et erreurs, travail en équipe, multiplications et dérivations . Après tout, “21” est presque élucidé.

“21” is the one choreography of Grupo Corpo (Minas Gerais – Brasil), which heralds a new stage in the choreographing process of Rodrigo Pederneiras. This piece debuted in 1992, with a specially composed soundtrack by Marco Antônio Guimarães executed by group UAKTI. The goal is, as far as possible, to understand the path that leads to the full realization of “21.” Various sources of information (videos, photographs, interviews, academic documents, media materials) were analyzed to finally propose an unveiling form. This is the principle of the grounded theory, methodology used in this research, where there’s an absence of a previous theoretical proposal, as it arises with the discoveries. Immersion in the analysis of the original video of “21” vented 21 perceptions: the choreographer’s fundamental motivation by music; cast interferences and its artistic longevity; the guiding elements of choreography; influences on Rodrigo Pederneiras; the analysis of 14 scenes, with all its doubts, surprising tempos and counts; costumes, lighting and scenery, and finally bethinks about the modus operandi of the choreographer and the traces of this work in other pieces of the group. A set of skills and procedures seems to compose a final theory: creativity, abstraction, trial and error, detailing, team work, multiplications and derivations. After all, we almost got the key to “21”.