"Visita pitoresca ao Mato Sampaio" : estigmas e representações sobre os "maloqueiros" do Mato Sampaio através da narrativa jornalística porto-alegrense (Década de 1950)

Abstract

Na primeira metade do século XX, Porto Alegre passou por constantes transformações urbanas e habitacionais, especialmente em relação às moradias populares. Dentre elas, observamos o surgimento e acelerado desenvolvimento das “vilas de malocas” pela cidade. Desde seu aparecimento, as “malocas” estiveram envolvidas em disputas simbólicas e materiais realizadas, por parte do poder público, da elite e da classe média que, sob um discurso modernizador e higienista, valendo-se de argumentos estéticos, buscaram ver-se livres do “problema das malocas”, empreendendo, assim, políticas de remoções destas para áreas mais afastadas da cidade. O presente trabalho pretende investigar a participação do jornal Diário de Notícias, de Porto Alegre, e da crônica jornalística escrita por Ary Veiga Sanhudo na construção de um discurso social sobre as “vilas de malocas” e seus moradores, sobretudo, em relação ao Mato Sampaio. As representações empreendidas pela imprensa porto-alegrense carregavam uma série de estigmas sociais, reforçando uma imagem pejorativa sobre as “vilas de malocas”. O Mato Sampaio, por sua vez, era representado ora como “vila do crime”, um “verdadeiro paraíso de malandros”, associando-o a criminalidade e violência, ora como um local singular, “pitoresco”, proporcionado pela desigualdade social da metrópole, ao passo que seus moradores, representados sob o estigma de “maloqueiros” despossuídos de passados, nomes e moradias, estariam unidos apenas pela “miséria comum”.

En la primera mitad del siglo XX, Porto Alegre pasó por constantes transformaciones urbanas y habitacionales, especialmente en relación a las viviendas populares. Entre ellas, observamos el surgimiento y acelerado desarrollo de las "villas de malocas" por la ciudad. Desde su aparición, las "malocas" estuvieron involucradas en disputas simbólicas y materiales realizadas, por parte del poder público, de la élite y de la clase media que, bajo un discurso modernizador e higienista, valiéndose de argumentos estéticos, buscaron verse libres del "problema de las malocas", emprendiendo, así, políticas de remociones de éstas para áreas más alejadas de la ciudad. El presente trabajo pretende investigar la participación del periódico Diário de Notícias, de Porto Alegre, y de la crónica periodística escrita por Ary Veiga Sanhudo en la construcción de un discurso social sobre las "villas de malocas" y sus habitantes, sobre todo, en relación al Mato Sampaio . Las representaciones emprendidas por la prensa porto-alegrense cargaban una serie de estigmas sociales, reforzando una imagen peyorativa sobre las "villas de malocas". El Mato Sampaio, por su parte, era representado como "pueblo del crimen", un "verdadero paraíso de malandros", asociando la criminalidad y la violencia, ora como un lugar singular, "pintoresco", proporcionado por la desigualdad social de la metrópoli, mientras que sus habitantes, representados bajo el estigma de "maloqueiros" desposeídos de pasados, nombres y viviendas, estarían unidos sólo por la "miseria colectiva”.