"Nós somos complexos" : historiografia queer na contemporaneidade - uma análise da operação historiográfica no National Museum : LGBT history and culture

Abstract

Este trabalho tem como objetivo refletir sobre as potencialidades de uma historiografia queer no tensionamento da cisheteronormatividade e da LGBTfobia. Para isso, foi realizado um estudo de caso tendo o National Museum: LGBT History and Culture como objeto de análise e, ao considerar o museu um produtor de narrativas históricas, investigamos a operação historiográfica (CERTEAU, 1982) realizada pela instituição. Sob uma perspectiva queer e feminista, este trabalho foi dividido em três partes: primeiro, o lugar social do Museu, enquanto saber localizado (HARAWAY, 1995) e projeto (VELHO, 1999); segundo, a prática historiográfica e, terceiro, a escrita da História no Museu. Nos dois últimos capítulos encontra-se a apreensão das concepções de gênero, sexo e sexualidade presentes na operação historiográfica da instituição, que possibilitou a problematização e reflexão sobre determinismo e fundacionalismo biológicos (NICHOLSON, 2000) na historiografia e os perigos da naturalização e essencialização das identidades e expressões de gênero e sexuais. Interseccionalidade e marcadores sociais da diferença (BRAH, 2006) são dois conceitos igualmente importantes nessa análise, pois permitem entender a complexidade e heterogeneidade da comunidade LGBTQ+, compreendendo que raça e classe também são marcadores constitutivos de sujeites queer. Por fim, nas considerações finais encontram-se reflexões sobre o National Museum LGBT enquanto (re)produtor de uma história, memória e identidade queer estadunidense. Encerramos com uma reflexão sobre a necessidade de produzir história queer de maneira complexa, tendo em vista a formação das identidades queer enquanto constructos sociohistóricos que se baseiam na memória e na diferença para a sua consolidação. (BRAH, 2006; POLLAK, 1992).

This work aims to reflect on the potentialities of a queer historiography on tensioning cisheteronormativity and LGBTfobia. To do so, it conducts a case study of the “National Museum: LGBT History and Culture” as an object of analysis and, considering the Museum as a producer of historical narratives, it also investigates the historiographic operation (CERTEAU, 1982) carried out by the institution. From a feminist and queer perspective, this work was divided in three parts: first, the social place of the Museum, as a situated knowledge (HARAWAY, 1995) and as a project (VELHO, 1999); second, the historiographical practice and, third, the writing of history in the Museum. The last two chapters also are an apprehension of the conceptions of gender, sex and sexuality present in the historiographical operation of the institution, which enabled the problematization and reflection on biological determinism and biological foundationalism (NICHOLSON, 2000) in historiography and the dangers of naturalization and essentialization of gender and sexual identities and expressions. Intersectionality and social markers of difference (BRAH, 2006) are important concepts to this analysis, because they allow us to understand the complexity and heterogeneity of the LGBTQ+ community, understanding that race and class are also constitutive markers of queer people. Finally, in the conclusion it sustains an argument locating the National Museum LGBT as (re)producer of an American history, memory and queer identity. We end with a reflection on the need to produce queer history in a complex way, taking into account the formation of queer identities as sociohistorical constructs based on memory and difference to its consolidation. (BRAH, 2006; POLLAK, 1992).