Avaliação quantitativa e qualitativa de células T em órgãos linfoides de camundongos do modelo animal de autismo induzido por exposição pré-natal ao ácido valproico

Abstract

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) representa um grupo de desordens do neurodesenvolvimento, caracterizado por déficits na comunicação e na interação social e comportamentos repetitivos e interesses/atividades restritas. Dados epidemiológicos indicam que fatores ambientais, como a exposição materna ao ácido valpróico (VPA), aumentam o risco do nascimento de filhos com TEA. Embora a etiologia do transtorno seja desconhecida e os comportamentos observados advenham de alterações no sistema nervoso central, uma das hipotéses mais recentes para o desenvolvimento e fisiopatologia do transtorno, envolve componentes do sistema imunológico. Considerando a possível contribuição dos linfócitos para a patofisiologia do TEA nós buscamos avaliar o perfil fenotípico de linfócitos em órgãos linfóides de camundongos do modelo animal de TEA induzido por VPA. Camundongas prenhes receberam uma única injeção intraperitoneal de VPA (600 mg/kg) ou solução salina no 11º dia de gestação. Os machos da prole foram posteriormente eutanasiados aos 60 dias de idade para remoção do timo, baço e pool de linfonodos inguinais, axilares e braquiais. A celularidade dos órgãos foi avaliada em câmara de Neubauer e a análise por citometria de fluxo foi realizada com suspensões das células incubadas com anticorpos anti-CD3-FITC, anti-CD4-PE e anti-CD8-PE-Cy7. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em relação ao peso dos órgãos. Nos linfonodos foram encontradas reduções das populações CD3+ CD4+ e CD3+ CD8+ nos animais do grupo VPA, assim como redução do percentual de células CD4+ e aumento do percentual de células CD8+. Além disso, também foram encontradas pequenas alterações em relação a proporção dessas células no timo e baço dos camundongos VPA. No presente estudo fizemos a observação inédita da redução drástica de linfócitos T nos linfonodos de camundongos do modelo animal de TEA induzido por exposição pré-natal ao VPA. Entretanto, mais estudos são necessários para caracterizar o perfil imunológico do transtorno e seu possível papel no desencadeamento do TEA.