As agências educativas paralelas do campo popular e a formação da consciência de classe dos trabalhadores

Abstract

Como relação interativa com a realidade, o conhecimento tem seus processos de criação e difusão no centro das disputas sociais. As práticas educativas que estruturam tais processos, sendo assim, são práticas interessadas. A serviço de transformações sociais adaptativas ou superadoras, de acordo com sua vinculação aos esforços dos diferentes pólos sociais. Na história da humanidade, ao lado dos principais projetos educativos, teimaram em existir também agências educativas paralelas, muitas vezes ligadas aos interesses sociais e políticos dos explorados e segregados. Os meduti egípcios, os demagogos gregos, os plebeus oradores em Roma, os valdenses medievais, os utopistas e mesmo as vanguardas do proletariado rebelde reproduziam e reproduzem seus projetos sociais populares utilizando-se de processos educativos diversos. Contemporaneamente, as contradições sociais estão condicionadas às disputas pelo controle do trabalho livre. As agências educativas paralelas vinculadas aos interesses populares se voltam, ainda que diferenciadamente, a propiciar o encontro de teorias emancipatórias com a intuição ideológica e a experiência prática das classes suscetíveis de agirem em torno do combate radical ao pólo capitalista de tais disputas. Se não se constituem como partido político dos trabalhadores, ao menos integram algo como um partido ideológico mais geral, em interação com os primeiros e com entidades populares representativas, ou com setores da Universidade, da Igreja e de outras agências. No Brasil, entre 1964 e 1990, a ação educativa popular paralela tem sido decisiva na luta pela democracia e pelo fim da exploração. Formou e forma lideranças sindicais e comunitárias, apóia centrais de trabalhadores, fortalece partidos de esquerda. E seus novos desafios vêm justamente dos êxitos de seu trabalho: da necessidade que os trabalhadores organizados passam a ter de tornarem-se autônomos também em relação a seus educadores, como sugere a experiência dos metalúrgicos de São Leopoldo. A trilha do pluralismo e da diversificação de contribuições aos movimentos sociais parece ser o caminho no qual superarão tais desafios no presente e futuro da luta popular.

As a relationship interactive with reality, knowledge has its processes of creation and diffusion in the middle of social disputes. The educational practices which give structure to these processes, therefore, are interested practices. Put in service of social transformations, either those working the reality preexistent, modifying it to overcome difficulties, either breaking with it, in order to construct another one, according to its link to the efforts of the different social poles. In mankind history, aside the main educational projects, there have always been paralel educational agencies, many times tied to social and political interests of explored and segregated people. The egypcians meduti, the greek demagogues, the vulgar orators in Rome, the medieval disciples of Pedro Valdo, the utopians and even the vanguard of rebel proletariat used to reproduce - and do it nowadays - its popular social projects, using different educational processes. Contemporaneously, social contradictions are conditionated to disputes for free work control. Paralel educational agencies in relation with popular interests search, even through diverse forms, to permit the meeting among emancipating theories, ideological intuition and practical experiences of the social classes which may be used to act radically fighting the capitalist pole of the same disputes. If these agencies are not a worker's political party, at least they make part of a more general ideological party, interacting with the first ones and also with popular representative entities, university and church's sectors or other agencies. In Brasil, between 1964 and 1990, paralel popular educational action has been decisive in fighting democracy and exploration end out. It has been forming syndical and community leaders, giving support to worker centrals and fortifying left parties. And its new challenges come exactly from its work's success: from the necessity that organized workers develop to become independent even of these educators, as São Leopoldo metalurgist's experiences suggests. Pluralism and agencies different contributions for social movements seem to be the way through which such challenges will be surpassed in the present and in the future of popular struggle.