Relações entre bem-estar subjetivo e a satisfação das crianças com suas famílias

Abstract

Esta dissertação investigou as relações entre bem-estar subjetivo e satisfação com a família sob o ponto de vista das crianças, por meio de dois estudos: um quantitativo e outro qualitativo. O estudo quantitativo buscou descrever e comparar o bem-estar e os índices relativos à satisfação com a família por idade, sexo e tipo de escola das crianças, além de analisar a contribuição da satisfação com a família nos índices de bem-estar subjetivo a partir dos dados de 622 crianças, entre oito e 12 anos, de Porto Alegre/RS, parte da 3ª onda do projeto Children’s Worlds. Os resultados apontam que os índices de bem-estar tendem a cair com o avanço da idade das crianças. As médias de bem-estar e de satisfação com a família foram significativamente mais baixas para as meninas e para as crianças estudantes de escolas públicas. As relações familiares foram preditoras do bem-estar das crianças, explicando aproximadamente 40,9% da variância do bem-estar. O estudo qualitativo, por sua vez, buscou compreender as percepções das crianças sobre família e bem-estar. Foram realizados dois grupos focais, sendo um on-line e outro presencial, com 13 crianças com idades entre nove e 10 anos de escolas públicas de Porto Alegre/RS. As transcrições foram analisadas com base nos pressupostos da análise temática. Relatos sobre felicidade no contexto familiar englobaram, necessariamente, o tempo de qualidade compartilhado. Dentre as necessidades emocionais das crianças, a segurança, o interesse dos adultos no mundo da criança, e o respeito às suas ideias e desejos parecem ser processos-chave relacionados ao seu bem-estar e na manutenção das relações familiares. As crianças também destacaram as consequências nocivas do uso do celular. Pode-se considerar que os resultados dos dois estudos se complementam, à medida que cada um investigou e aprofundou aspectos relevantes à sua maneira, acrescentando ao campo de estudos do bemestar infantil.

This dissertation investigated the relationship between subjective well-being and satisfaction with the family from the children's point of view, through two studies: one quantitative and the other qualitative. The quantitative study sought to describe and compare the well-being and the indices related to satisfaction with the family by age, sex and type of school of the children, in addition to analyzing the contribution of satisfaction with the family in the subjective wellbeing indices from from the data of 622 children, between eight and 12 years old, from Porto Alegre/RS, part of the 3rd wave of the Children's Worlds project. The results show that wellbeing rates tend to fall with advancing age of children. Means of well-being and family satisfaction were significantly lower for girls and for children attending public schools. Family relationships were predictors of children's well-being, explaining approximately 40.9% of the variance in well-being. The qualitative study, in turn, sought to understand children's perceptions of family and well-being. Two focus groups were carried out, one online and the other in person, with 13 children aged between nine and 10 years old from public schools in Porto Alegre/RS. The transcripts were analyzed based on the assumptions of the thematic analysis. Reports about happiness in the family context necessarily encompassed shared quality time. Among children's emotional needs, security, adults' interest in the child's world, and respect for their ideas and desires seem to be key processes related to their well-being and the maintenance of family relationships. Children also highlighted the harmful consequences of cell phone use. It can be considered that the results of the two studies complement each other, as each investigated and deepened relevant aspects in its own way, adding to the field of studies of child well-being.