Violência a serviço do Estado : um olhar sobre a obra de Berna Reale

Abstract

O presente trabalho se propõe a analisar as distintas representações de violência na contemporaneidade apresentadas nos registros fotográficos das performances das obras Palomo (2012), Os Jardins Pensus da América (2012) e Ginástica da Pele (2019), da artista visual paraense Berna Reale. Para a análise, utilizam-se as contribuições teóricas de Roland Barthes acerca do mito e dos processos conotativos que constituem uma mensagem fotográfica. Ainda, os conceitos de biopoder e necropoder, cunhados por Michel Foucault e Achille Mbembe, respectivamente, amparam esta pesquisa, relacionando-se às obras a partir de questões como: abuso de poder, violência institucional, sociedade disciplinar, encarceramento da juventude preta e parda e relações de inimizade. Conclui-se que que as obras analisadas denunciam o exercício histórico do poder a favor do Estado e, consequentemente, contra quem o Estado determinar que representa ameaça. As obras de Reale evidenciam a necessidade do debate público sobre o curso da violência hoje cristalizada e normalizada de diferentes formas, bem como sobre as possíveis soluções para enfrentá-la.

The present work proposes to analyze the different representations of violence in contemporary times presented in the photographic records of the performances of the works Palomo (2012), Os Jardim pensus da América (2012) and Ginástica da Pele (2019), by the visual artist Berna Reale from Pará. For the analysis, the theoretical contributions of Roland Barthes about the myth and the connotative processes that constitute a photographic message are used. Still, the concepts of biopower and necropower, coined by Michel Foucault and Achille Mbembe, respectively, support this research, relating to the works based on issues such as: abuse of power, institutional violence, disciplinary society, incarceration of black and brown youth and hostile relationships. It is concluded that the analyzed works denounce the historical exercise of power in favor of the State and, consequently, against whom the State determines that it represents a threat. Reale's works highlight the need for public debate on the course of violence that is now crystallized and normalized in different ways, as well as on possible solutions to face it.